Sunday, June 5, 2011

Uma nova página na política portuguesa

Portugal vira hoje uma página na sua história política. Depois de duas décadas e meia de uma democracia despreocupada, concentrada nos resultados económicos do trimestre corrente, Portugal enfrenta agora uma realidade bem diferente. Os portugueses vivem sem dúvida melhor, têm hoje uma afluência muito superior à que tinham em 1985, mas a economia portuguesa é incomparavelmente mais frágil. Foram 25 anos em que o sector primário da economia foi reduzido a uma mera caricatura, tendo o sector secundário sido exportado para Ásia; no contexto económico e geográfico de Portugal esta estrutura não tem actualmente qualquer hipótese de sobrevivência. O modelo económico implementado desde a integração na CEE pode ser hoje declarado como um rotundo falhanço.

Hoje Portugal elege um novo governo cuja principal função será cumprir com as condicionantes impostas pelos seus credores. A política portuguesa será doravante completamente diferente da que se viveu nestas duas décadas e meia douradas, menos independente, menos popular, menos solidária.

Como chegou aqui Portugal? Muitas respostas se ouvem para esta pergunta, com facilidade culpabilizando este ou aquele partido político. No entanto ninguém poderá negar que o défice comercial (diferença entre o que o país exporta e o que importa) teve um papel crucial no desenrolar desta tragédia. A política económica falhada seguida pelos sucessivos governos e instituições europeias teve sempre como resultado a consolidação, ou mesmo o agravamento, do desequilíbrio entre o que Portugal produz e o que consome. E qual é o maior componente deste défice? A Energia, à qual acrescem os produtos agrícolas que não são mais que uma forma alternativa de importar energia.

De quando em vez algum político lembra-se deste problema e imediatamente fala em exportações, “aumentando a venda de produtos para o exterior, Portugal poderá equilibrar as suas finanças”. O problema é que importando todos os combustíveis fósseis que consome e sem sector primário da economia, qualquer aumento da actividade industrial implica um aumento do consumo de energia e matérias primas e logo das importações. A agravar esta situação está a política de transportes seguida nos últimos 25 anos, com objectivos bem definidos de aumentar a dependência nos combustíveis fósseis, desmantelando ferrovia e sarjando o país de alcatrão. A aposta cega nas exportações é uma tentativa inútil de tentar resolver um problema com a mesma lógica que o criou.

Na última sessão da Assembleia da República antes da sua dissolução os deputados aprovaram por larga maioria uma recomendação ao Governo para que este subscreve o Protocolo da Exaustão. Instrumento político proposto pela ASPO há alguns anos atrás, simplesmente compromete de forma unilateral os seus subscritores à redução do consumo de petróleo em taxa igual à da exaustão das reservas mundiais de crude, desta forma proporcionando uma adaptação gradual à escassez da maior fonte mundial de energia. Votada sem debate, no meio de um sem número de resoluções aprovadas em contra-relógio e dirigida a um Governo demissionário, terá sido um acto pouco dignificante. Ainda assim está de parabéns o PCP por ter trazido a temática a terreiro.

Mas que significado tem a aprovação desta resolução? Entre 2005 e 2009 o consumo de petróleo em Portugal caiu 20%; a razão foi simples: a recessão económica, imposta em primeira instância pela crise internacional do crédito e depois pela crise da dívida soberana nacional, ambas despoletadas pela escalada dos preços da energia. É sem dúvida sintomático: a inépcia política que trouxe Portugal até aqui provoca também a sua agonia económica. A cultura da super-dependência no petróleo (do qual Portugal extraí mais de metade da energia que consome) colocou o país na dianteira daqueles mais vulneráveis à escassez desta energia.











Consumo de petróleo em Portugal segundo a Agência de Informação de Energia dos EUA.




Se o Governo que sair destas eleições não for capaz de refundar Portugal noutro paradigma económico, consentâneo com a realidade do século XXI, certamente que os credores por cá permanecerão para outra legislatura. E outra mais talvez, até que o país empobreça o suficiente para equilibrar a sua balança comercial, reduzindo o consumo de energias fósseis a uma mera fracção dos níveis de hoje.

É preciso reinventar Portugal. Terá de ser um país forçosamente diferente, com menos facilidades e mais responsabilidades, com menos individualidade e mais comunidade, com menos fausto e mais sobriedade. Mas será um país mais robusto e preparado para o século XXI, e provavelmente um sítio melhor para se viver.

Monday, March 14, 2011

Uma Tragédia Nuclear

A notícia domina os meios de comunicação social desde sexta-feira passada: um tremor de terra de magnitude épica, o mais forte em séculos, abalou o Japão. Segui-se-lhe um maremoto que arrasou boa parte da costa noroeste do arquipélago. A perca de vidas provavelmente contar-se-á nas dezenas de milhar, a infraestrutura de transportes, comunicações, abastecimento de água e energia foi muito abalada, em alguns pontos deixou mesmo de existir. O país vive a pior destruição desde a II Guerra Mundial.

Diz o ditado: “uma desgraça nunca vem só” e infelizmente foi o caso. Como muitas outras economias desenvolvidas sem reservas de combustíveis fósseis o Japão alberga um parque nuclear que fornece boa parte da electricidade consumida no país. O terramoto sujeitou parte desta infraestrutura a um abalo acima da magnitude para a qual tinha sido desenhada, mas ainda assim resistiu. Numa primeira instância a situação desenvolveu-se favoravelmente, nenhum reactor foi danificado pelo sismo e a fissão foi terminada com sucesso em todos eles.

Mas no complexo de Fukushima algo correu mal, os reactores foram desligados, mas deveriam continuar a ser arrefecidos por um circuito de água; não havendo energia do próprio reactor, este circuito de água deveria ser mantido por uma fonte de energia externa, mas por razões ainda pouco claras, essa alimentação externa não funcionou. Resultado: lentamente o núcleo dos reactores começou a aquecer para lá dos níveis de segurança aumentando a pressão do vapor de água dentro do primeiro contentor do reactor. Numa primeira reacção esta pressão foi libertada para o espaço entre o primeiro contentor (construído de aço) e o segundo contentor (de betão). Começaram então os problemas, o vapor de água que fora libertado do núcleo fora sujeito a temperaturas altas o suficiente para dissociar a água em hidrogénio e oxigénio, uma mistura explosiva. No sábado esta mistura fez rebentar o contentor de betão do reactor nº 1 e esta manhã incidente semelhante deu-se no reactor nº3. Apesar de não se conhecerem ao certo os impactos destas explosões nos contentores de aço, a situação parecia pelo menos controlada, após a injecção de água do mar que permite controlar a temperatura do núcleo.

Mais informação sobre os acontecimentos nos reactores 1 e 3 no TheOilDrum.

Nas últimas horas há no entanto desenvolvimentos preocupantes em relação ao reactor nº 2 do complexo de Fukushima. Apesar de neste reactor ambos os contentores estarem aparentemente intactos hoje de manhã, a alimentação de água do mar ao núcleo teve de ser interrompida pois as válvulas que permitem o retorno dessa água em forma de vapor deixaram de funcionar. O núcleo esteve várias horas sem arrefecimento e começou a derreter. Responsáveis técnicos japoneses estão a levantar a hipótese de haver a esta altura danos no contentor de aço deste reactor. Não sendo de esperar um desastre com a abrangência geográfica do de Chernobyl, a emissão de matéria radioactiva para o ambiente parece a este momento uma real possibilidade.

Esperemos que de facto uma tragédia possa ser evitada com o contenção do núcleo dos vários reactores dentro dos respectivos conectores até que arrefeçam totalmente. Estes eventos são em grande medida já uma tragédia, mas no plano político. Após alguns anos de revivalismo da energia do átomo, face às crescentes dificuldades de acesso aos combustíveis fósseis, este incidente torna tal opção politicamente impossível num futuro próximo. Uns dirão que era algo expectável em sistemas perigosos que não admitem falhas; outros clamarão que foi a falta de investimento nas últimas décadas que impediu a implementação de soluções mais seguras. Para lá desta discussão uma coisa é certa: a transição para uma economia sem combustíveis fósseis tornou-se hoje mais difícil.

Por fim uma palavra de solidariedade para com o povo japonês, que tem um país para reconstruir.


The New York Times

Emergency Cooling Effort at Reactor Is Failing, Deepening Japanese Crisis
By HIROKO TABUCHI, KEITH BRADSHER and MATT WALD
Published: March 14, 2011


TOKYO — Japan’s struggle to contain the crisis at a stricken nuclear power plant worsened early Tuesday morning, as emergency operations to pump seawater into one crippled reactor temporarily failed, increasing the risk of a wider release of radioactive material, officials said.

With the cooling systems malfunctioning simultaneously at three separate reactors at the Fukushima Daiichi Nuclear Power Station after the powerful earthquake and tsunami, a more acute crisis developed late Monday at reactor No. 2 of the plant. There, a series of problems thwarted efforts to keep the core of the reactor covered with water — a step considered crucial to preventing the reactor’s containment vessel from exploding and preventing the fuel inside it from melting down.




Deutsche Welle
Merkel suspends nuclear extension over Japanese risks
Mark Hallam (AP, dpa, Reuters) 14.03.2011

Chancellor Angela Merkel on Monday pledged a three-month pause in her government's plan to extend the running times of Germany's nuclear power plants.

She said that this would mean that the oldest reactors will be turned off, at least temporarily, almost immediately.

Merkel said that the risks of a meltdown at the Fukushima atomic reactors in Japan, triggered by the massive earthquake and subsequent tsunami in the region, had shown the world that nuclear safety should be reevaluated.

Wednesday, February 9, 2011

O Pico do Petróleo no WikiLeaks

Há por vezes novidades que sem ser exactamente novidades trazem ao conhecimento do público uma vertente diferente da realidade. Sadad al-Husseini, antigo chefe de exploração na petrolífera estatal Saudita Aramco, há já vários anos que vinha avisando para a iminência de um máximo na produção mundial de petróleo. Ontem essas mesmas preocupações foram espelhadas pela imprensa internacional em sequência de várias mensagens trocadas entre o corpo diplomático dos EUA e publicadas pelo portal WikiLeaks.

A informação publicada sobre reservas de petróleo na Arábia Saudita e a proximidade do pico mundial de petróleo não é realmente nova, encontrando-se presente nas diversas entrevistas que Sadad al-Husseini deu à imprensa nos últimos anos. A relevância da notícia está não nos números mas sim no facto de este proeminente proponente do pico do petróleo a curto prazo estar a ser ouvido pela embaixada dos EUA na Arábia Saudita. A notícia publicada pelo Guardian alude a diversas audiências de al-Husseini na embaixada entre 2007 e 2009 e mais ainda: à credulidade com que as suas observações são tomadas pela diplomacia dos EUA.

Esta notícia indica sobretudo que pouca gente toma por sérias as reservas de petróleo publicitadas pela Arábia Saudita. E por arrasto têm de ser questionadas as dos outros membros da OPEC, uma vez que são igualmente um subproduto da guerra de quotas dos anos 1980. É importante também registar que os diplomatas americanos compreendem que a OPEC perdeu controlo sobre o tecto dos preço do petróleo no longo prazo.

Fica a questão: porque agem então os agentes políticos como se nada soubessem?


The Guardian
WikiLeaks cables: Saudi Arabia cannot pump enough oil to keep a lid on prices
US diplomat convinced by Saudi expert that reserves of world's biggest oil exporter have been overstated by nearly 40%
John Vidal, Tuesday 8 February 2011 22.00 GMT

The US fears that Saudi Arabia, the world's largest crude oil exporter, may not have enough reserves to prevent oil prices escalating, confidential cables from its embassy in Riyadh show.

The cables, released by WikiLeaks, urge Washington to take seriously a warning from a senior Saudi government oil executive that the kingdom's crude oil reserves may have been overstated by as much as 300bn barrels – nearly 40%.

The revelation comes as the oil price has soared in recent weeks to more than $100 a barrel on global demand and tensions in the Middle East. Many analysts expect that the Saudis and their Opec cartel partners would pump more oil if rising prices threatened to choke off demand.

However, Sadad al-Husseini, a geologist and former head of exploration at the Saudi oil monopoly Aramco, met the US consul general in Riyadh in November 2007 and told the US diplomat that Aramco's 12.5m barrel-a-day capacity needed to keep a lid on prices could not be reached.

According to the cables, which date between 2007-09, Husseini said Saudi Arabia might reach an output of 12m barrels a day in 10 years but before then – possibly as early as 2012 – global oil production would have hit its highest point. This crunch point is known as "peak oil".

Husseini said that at that point Aramco would not be able to stop the rise of global oil prices because the Saudi energy industry had overstated its recoverable reserves to spur foreign investment. He argued that Aramco had badly underestimated the time needed to bring new oil on tap.

Monday, January 31, 2011

Presidente da Partex fala sem rodeios

Em declarações à agência Lusa o presidente da Partex, António Costa e Silva, transmite hoje uma mensagem de grande pragmatismo no que toca à situação energética mundial. Em contraste com aquela que tem sido a visão tradicional da empresa – o crescimento pronto da oferta de petróleo e gás conforme as necessidades – Costa e Silva alude muito directamente à impossibilidade de se cumprirem as previsões de instituições como a Agência Internacional de Energia ou o Painel Inter-governamental para as Alterações Climáticas.


É bom saber que em Portugal existem pessoas que pensam a energia estudando os números e não apenas imaginando cenários de fartura. É também de registar o facto de a comunicação social se mostrar receptiva a este tipo de análise, pois o artigo da Lusa é reproduzido em grande parte da impressa electrónica de hoje.


“Bulimia energética” é uma metáfora especialmente acutilante.

OJE/Lusa
Presidente da Partex acredita na estabilização do preço do petróleo entre os 100 e 110 dólares
31/01/11, 08:12

"Hoje consumimos à volta de 87 milhões de barris de petróleo por dia. Isto significa que há uma piscina olímpica que se esvazia a cada 15 segundos, são mais de 5.500 piscinas olímpicas por dia, é uma sociedade em bulimia energética", comentou.
 

Se é expectável uma estabilização do preço do barril de petróleo no curto prazo, no longo prazo cenário torna-se mais sombrio.
 

"A expectativa do crescimento do consumo nos próximos 25 anos é da ordem dos 115 milhões de barris por dia", começou por alertar.
 

A somar à crescente procura de petróleo por parte das economias emergentes, a indústria petrolífera debate-se ainda com o declínio da capacidade de extracção.
 

"A Agência Mundial de Energia fez um estudo dos 800 campos de petróleo mais activos no mundo e eles estão em declínio de 6,7%o. Isto é, só para repor o declínio da produção desses campos, sobretudo nos países não-OPEP, vamos precisar de quatro a seis novas Arábias Sauditas", avisou.
 

Além de sublinhar a necessidade de uma diversificação das fontes energéticas, António Costa Silva sublinha ser necessário "olhar para todas as outras fontes de energia, como a nuclear ou os hidratos de metano, além das renováveis", caso contrário "o planeta pode estar confrontado com um colapso".

Friday, January 28, 2011

Uma no cravo e outra na ferradura

Há dias assim. As notícias que emergem sobre as políticas que são seguidas pelos políticos são por vezes desconcertantes quando se tenta enquadrá-las no conjunto do sistema socio-económico. Parece por vezes que os políticos e detentores de cargos públicos são como marinheiros que se guiam por uma bússola avariada, cujo norte ora aponta numa direcção ora noutra, sem nunca apontar um caminho certo. No mesmo dia a Comissão consegue apresentar notícias sobre a sua política de transportes que levam qualquer euro-cidadão a perguntar-se  sobre que política está Bruxelas exactamente a seguir.

Numa nota positiva para a Europa em geral e muito em particular para Portugal, está a inauguração do primeiro troço ferroviário trans-pirenaico de alta-velocidade. São apenas 44 Km de ferrovia mas ligam duas das maiores redes de alta-velociade europeias, finalmente ultrapassando o monumental obstáculo natural. Fica assim criado mais um importante eixo ferroviário europeu: Madrid-Barcelona-Lyon, ao qual Lisboa poderia estar ligada, caso fosse esse o desejo dos portugueses. Para já Portugal permanece na condição de ilha ferroviária.

Esta é a notícia mais importante em termos de transportes para Portugal em muitos anos, mas tem sido, e deverá continuar a ser, ignorada pelos meios de comunicação social. Será importante notar que uma ligação do mesmo género junto ao golfo da Biscaia será estratégicamente mais relevante para Portugal, mas ainda assim esta ligação mediterrânica abre um novo leque de hipóteses ao transporte não dependente em energia do estrangeiro.  Em especial para o transporte de mercadorias, esta ligação tem potencialidades de redução de consumo de combustíveis fósseis como poucas infra-estruturas. Resta saber aproveitá-la.

Ao mesmo tempo a Comissão publica um relatório sobre combustíveis líquidos que parece vir de um executivo de qualquer outro país com objectivos diametralmente opostos. Não passa de uma compilação de literatura sobre o tema, uma espécie de salada russa de combustíveis, que todos juntos supostamente resolverão todos os problemas da União. Para além de alguns aspectos cómicos como propor gás de petróleo liquefeito como substituo para o próprio petróleo, este relatório carece de qualquer análise séria em termos de EROEI - medida do saldo energético de uma fonte de energia. Ou seja, para a Comissão (ou para quem fez o relatório) pouco parece interessar se um fonte de energia é ou não proveitosa para a sociedade, seja o que for que vier é bom. E assim perduram neste tipo de documentos quimeras como o hidrogénio ou os agro-combustíveis, que não são fontes mas sim sumidouros de energia.

Caberá talvez aos cidadãos darem um rumo às políticas para o século XXI; os políticos, esses, parecem ainda à procura do norte.



TEN-T Executive Agency
First interoperable rail link opens between Iberian peninsula and France
Creation date: 27 January 2011


A new railway section linking the Spanish and French networks opens today thanks to about €70 million in European Union funding. The 44.4 km Perpignan-Figueras railway section is suitable for both high-speed rail and freight transport and is expected to significantly cut journey times. The official opening was attended by the Spanish Minister of Development, Jose Blanco López, the French Secretary of State for Transport, M. Thierry Mariani, and the European coordinator Carlo Secchi, on behalf of the European Commission.

Mr Secchi, who is responsible on behalf of the Commission for coordinating high-speed rail links in south-west Europe, including the Madrid-Barcelona-Lyon line, said: "This link between the two main high-speed rail European networks overcomes an historical natural barrier. The new cross-border section represents a major achievement for the internal market and for the mobility of citizens. I am proud the European Union played such an essential role in making this possible."

The cross-border section, ensuring the first interoperable connection between the Iberian Peninsula and the rest of the European Union, was completed in 2009, and its implementation was made possible by Trans-European Transport Network (TEN-T) co-financing of €69.75 million, which represents 25% of the costs of works.




Europa.eu
Expert group report: Alternative fuels could replace fossil fuels in Europe by 2050
Reference:  IP/11/61    Date:  25/01/2011

Alternative fuels have the potential to gradually replace fossil energy sources and make transport sustainable by 2050, according to a report presented to the European Commission today by the stakeholder expert group on future transport fuels. The EU will need an oil-free and largely CO2-free energy supply for transport by 2050 due to the need to reduce its impact on the environment and concerns about the security of energy supply. The expert group has for the first time developed a comprehensive approach covering the whole transport sector. Expected demand from all transport modes could be met through a combination of electricity (batteries or hydrogen/fuel cells) and biofuels as main options, synthetic fuels (increasingly from renewable resources) as a bridging option, methane (natural gas and biomethane) as complementary fuel, and LPG as supplement.

Vice-President Siim Kallas, responsible for transport, said: "If we are to achieve a truly sustainable transport, then we will have to consider alternative fuels. For this we need to take into account the needs of all transport modes."

The Commission is currently revising existing policies and today's report will feed into the "initiative on clean transport systems", to be launched later this year. The initiative intends to develop a consistent long-term strategy for fully meeting the energy demands of the transport sector from alternative and sustainable sources by 2050.

According to the report, alternative fuels are the ultimate solution to decarbonise transport, by gradually substituting fossil energy sources. Technical and economic viability, efficient use of primary energy sources and market acceptance, however, will be decisive for a competitive acquisition of market share by the different fuels and vehicle technologies.






Wednesday, January 5, 2011

Um número que vale mil palavras

Que país é este, Portugal? Pequenos pormenores, perdidos no quotidiano do infotainment, dão por vezes mais indicações sobre um estado ou um povo que qualquer ensaio analítico. E neste caso, a realidade revelada por uma simples computação é grotesca. Há números que por si só assombram quando colocados no devido contexto.

Os media noticiaram ontem um incrível aumento de 40% nas vendas de automóveis ligeiros de passageiros durante 2010 em Portugal, para um total de cerca de 223 500 viaturas. Este número não é um recorde, mas só em 2002 se venderam mais automóveis desta categoria que no ano passado. E quanto mais caros melhor, marcas de luxo registaram aumentos de vendas na ordem dos 90%. Mas passe-se ao contexto, assumindo um valor médio de 30 000 € por viatura (que olhando à explosão nos automóveis de luxo deverá ser conservador), o total gasto pelos portugueses em automóveis ligeiros em 2010 rondará 6 700 milhões de €. E fora deste valor estão os ligeiros comerciais e os pesados.

Este número obsceno é mau por duas razões: em primeiro lugar por ir em grande parte para fora de Portugal (exceptuando os impostos), agravando o défice comercial e a dívida externa, e depois por mostrar o desnorte em que está hoje a Política Energética e de Transportes do país. Contextualizando: o custo total das ligações de alta velocidade de Lisboa ao Porto e de Madrid a Lisboa estavam orçamentadas em menos de 6 000 milhões de €.

Perante a demonização do TGV durante a última década por parte dos media e da maioria dos agentes políticos, que já conseguiu suspender as ligações a Vigo, Sevilha e o eixo Porto – Lisboa, este número cai incrivelmente mal. Nas últimas eleições legislativas apenas dois partidos indicavam nos seus programas de governo a intenção de ligar Portugal à rede de alta velocidade europeia; um deles não conseguiu assentos parlamentares. E isto não é uma mera coincidência política, é o resultado da vontade de uma sociedade que prefere gastar individualmente 6 700 milhões de € num só ano em veículos ultrapassados que colectivamente 6 000 millhões de euros ao longo de 36 anos na mobilidade do futuro.

Certamente que a ligação à rede de alta velocidade europeia pode ser questionada de um ponto de vista técnico. Será a tecnologia francesa a melhor? A mais barata? Porquê ligar primeiro Lisboa a Madrid, esquecendo a ligação aos Pirenéus que é a mais importante? Mas estrategicamente é impossível continuar a defender a política de transportes assente no alcatrão e no motor de combustão interna. Quanto esperam os portugueses pagar pela gasolina e o gasóleo em 2020? Em 2030? Em 2040?

A ferrovia de alta velocidade é algo como muitas outras coisas: funciona em Itália, funciona na Alemanha, funciona em França, funciona em Espanha, mas quando passa a fronteira para Portugal deixa de funcionar. Existem outros exemplos: o dia sem carros, as ciclovias, os transportes colectivos, e também noutras áreas como exemplifica a relutância social em abraçar o código aberto. Será que são os outros que estão todos errados e apenas Portugal está certo?


Público

Vendas de automóveis no ano passado são as melhores desde 2002

04.01.2011 - 09:43 Por Inês Sequeira

Portugal foi fortemente afectado pela crise económica em 2010, mas o ano que agora terminou foi o melhor dos últimos oito para o sector automóvel, que não registava vendas tão elevadas desde 2002, indicam os dados ontem publicados pela ACAP-Associação Automóvel de Portugal.

Entre Janeiro e Dezembro comercializaram-se 223.491 ligeiros de passageiros, o que representou uma subida de 38,8 por cento face a 2009. Este número só tinha sido melhor em 2002, quando o mercado registou 228.574 ligeiros comercializados.

Além de representar uma boa notícia para as marcas automóveis, que em 2009 tinham sido abaladas por uma quebra de 25 por cento nas vendas - o que tinha transformado esse ano no "período negro" das duas últimas décadas - a recuperação do mercado no final de 2010 também virá dar uma ajuda aos indicadores globais de consumo, uma vez que o sector tem um peso importante neste domínio.

Dezembro foi aliás, só por si, um mês de grande subida de vendas no mercado automóvel, que conseguiu crescer 61,9 por cento nas vendas de ligeiros de passageiros face ao último mês do ano anterior (para um total de 28.142 unidades) e 54,3 por cento no mercado em geral, incluindo os comerciais ligeiros e os veículos pesados.

Tuesday, November 30, 2010

Inverno começa cedo no Reino Unido

A situação repete-se todos os anos: o frio aperta e o Reino Unido tem que racionar o abastecimento de Gás Natural. Este Inverno não é excepção mas com a diferença de que o frio e a neve chegaram mais cedo do que o habitual.

A situação energética no Reino Unido é um dos casos mais irónicos na União Europeia e no talvez no mundo. Depois de décadas de abundância providenciadas pelo Mar do Norte, em que o Gás Natural e Petróleo foram suficientes para o Reino Unido se tornar exportador, este estado contempla hoje um cenário de constrangimento. Não só não foram pensadas as alternativas para quando o Mar do Norte entrasse em declínio como foi planeado o fim do programa Nuclear para a mesma altura.

Hoje quase metade da electricidade consumida no Reino Unido é gerada a partir do Gás Natural, numa senda de consumo crescente que tenta colmatar a quebra da geração Nuclear ou a Carvão. Mas ao mesmo tempo a produção interna cai a um ritmo estonteante, por volta de 10% ao ano. As importações deveriam pois estar a crescer a um ritmo superior a esse, mas não estão.

No mercado continental, ao qual a Grã-Bretanha está ligada por gasoduto com a Bélgica, não tem sido possível encontrar os volumes necessários, para além de que, em períodos em que o preço no continente é superior ao das ilhas, o fluxo do gás é invertido e o Reino Unido torna-se exportador. Resta o mercado global de gás liquefeito transportado por navio, o qual tem aparentemente boas perspectivas perante a disponibilidade recente de gás natural não convencional na América do Norte. No entanto até ao momento o gás natural liquefeito também não está a ter impacto nas reservas do Reino Unido.

No Inverno passado o abastecimento de Gás Natural à indústria foi cortado pela Rede Nacional de energia várias vezes entre Janeiro e Fevereiro, em especial depois de a Grã-Bretanha ter ficado totalmente coberta de neve na primeira semana de 2010. Estes cortes selectivos permitiram manter o abastecimento doméstico e a geração eléctrica. A meteorologia na semana que presentemente decorre parece ser semelhante, mas o Inverno está ainda agora a começar.

Para esta noite a previsão meteorológica é de temperaturas de -20 ºC em partes da Escócia. Falando à BBC, alguns escoceses referiram que tal quantidade de neve em Novembro é algo que as gerações actuais nunca tinham testemunhado. O que em si é parte do problema que o Reino Unido enfrenta: depois de décadas a prever tempo meteorológico cada vez mais quente, a autoridade local de previsão, o Mett Office, viu-se obrigado a suspender as suas previsões de longo prazo, sob a pressão de vário falhanços rotundos consecutivos. Há menos de dez anos o Mett Office anunciava o fim da neve em Inglaterra, mas a realidade é hoje o exacto inverso.

Com as reservas de Gás Natural 20% abaixo do que eram por esta altura o ano passado, não demorará até que a Rede Nacional de energia reinicie os cortes de abastecimento selectivos. Restará saber se será já este Inverno que as populações sentirão na pele a crise energética do Reino Unido.

Reuters
Could Britain's gas stocks run out this winter?
By Karolin Schaps
LONDON | Tue Nov 30, 2010 11:57am GMT

The British gas market could be caught short this winter as an early cold snap sees suppliers tapping into storage a month earlier than last year, eating into stocks needed for when demand usually peaks early in the year.

Wholesale gas traders started withdrawing from Rough -- Britain's only long-range storage facility -- two weeks ago and supplies have been sinking since to about 17 percent below levels seen this time last year, data from network operator National Grid showed.

The premature and pronounced drain on the site under the North Sea, which holds the vast majority most of Britain's back-up gas, could spell supply jiters early next year.

"If you do the numbers, storage will be empty some time in early February if it stays this cold," said Jason Durden, energy trader at Energy Quote JHA.