Friday, November 19, 2010

O que os políticos precisam de ouvir

De todos os estados da União Europeia o Reino Unido foi talvez aquele mais favorecido pela Natureza no que toca a combustíveis fósseis. Em terra com importantes reservas de carvão e no mar com o petróleo e o gás do Mar do Norte. Estes últimos recursos foram até preponderantes à escala global, permitindo que a OCDE vencesse a crise energética dos anos 1970 e despoletando o colapso dos preços do petróleo em 1985, abrindo assim a porta a duas décadas de crescimento económico sem precedentes.

O Reino Unido optou por uma rápida utilização dos recursos do Mar do Norte, tendo sido um exportador líquido de energia durante quase 30 anos. A produção de gás e petróleo nesta região passou o seu pico no virar de século, abrindo-se desde 2005 um importante défice comercial na área da energia com a procura a ultrapassar claramente a produção interna.

Foram talvez estas décadas de abundância que motivaram uma política energética de grande laxismo, cuja lógica é difícil de compreender. Apesar de ter sido um estado pioneiro na utilização da energia nuclear para fins civis, foi programado o abandono do parque nuclear exactamente para o a época em que o Mar do Norte entraria em declínio. Paralelamente, foi adoptada uma estratégia de incumprimento com a legislação comunitária que implicará na próxima década a retirada de boa parte do parque de geração eléctrica térmica a carvão. Nos dez anos que se seguem a capacidade de geração eléctrica do Reino Unido será reduzida a apenas uma fracção do que é hoje; no que toca ao petróleo, terá de ser quase todo importado.

A princípio pareceu existir uma aposta no gás natural para colmatar o fosso que se vislumbra a curto prazo entre procura e oferta de electricidade. Gasodutos ligando a Grã-Bretanha à Bélgica e à Noruega pareciam abrir um mercado de gás que permitiria ao Reino Unido abastecer a procura interna. Mas gás é coisa que não abunda propriamente no continente europeu, bem pelo contrário, a dependência no abastecimento do Norte de África e da Rússia têm tornado este um mercado cada vez mais difícil. Nos últimos Invernos têm sido cada vez mais frequentes os períodos de escassez com a Rede Energética a ter que cortar o abastecimento à Indústria de modo a que nas habitações e nas centrais de geração térmica não falte o gás. A cada nova Primavera as reservas estratégicas de gás chegam a níveis mais baixos que na anterior.

Nos últimos tempos tem-se dado uma mudança de rumo político, desta feita em direcção às energias renováveis. O governo da Escócia anunciou um programa para transformar o sector da geração eléctrica para fontes totalmente renováveis em apenas 15 anos, fortemente dependente da energia eólica. Não é de alguma forma explicado como compensará a rede eléctrica a intermitência do vento, ou como armazenará o excesso do Outono e da Primavera para responder à procura no Verão e no Inverno. Tal como foi fácil ao executivo londrino dizer nos anos 1990 que o envelhecido parque nuclear não seria substituído, é agora também fácil propor metas mirabolantes nas energias renováveis para 2025.

O abastecimento de gás natural e electricidade no Reino irão experimentar sérias falhas de abastecimento no curto prazo, talvez já nos próximos 5 anos. A lógica política de chutar os problemas para a frente, em que se aparenta planear no longo prazo mas em que não se faz mais que sacudir a água do capote para quem se seguir no ciclo político, subscrita por todos os executivos desde Margaret Thatcher, nada pode contra a dinâmica da exaustão dos combustíveis fósseis.

A algum ponto no futuro o Reino Unido terá que voltar ao Carvão e ao Nuclear, reconhecendo assim que não podia simplesmente desejar que estas energias e as suas desvantagens desaparecessem. Mas a essa altura já será tarde.



Speech to Scottish Parliament
Rupert Soames
12th November 2010.

[…]

I also believe that in many countries politicians have found that Energy Policy is an irresistible sand-pit in which to play. Talking about Energy and CO2 reduction allows them to project all sorts of appealing political characteristics; clean, caring, modern, technically-savvy, far-sighted, broad-minded; and all this could be achieved without any real consequences, no matter how bonkers the policy. So far, politicians have had the luxury of sounding good by setting targets which are so far out in time that whether they are sensible or achievable or not, nobody can possibly know. A 20% reduction in carbon emissions by 2025? Don’t be a bloody Jessie, let’s make it 34% by 2020, and for good measure, let’s make it legally binding! The problem is that sooner or later the happy passengers on the good ship Energy Policy will meet the jagged rocks of the Three Great Truths of electricity generation and supply.
The First Great Truth is that we cannot live without reliable and plentiful electricity. Like water, like air, like food, we cannot do without it, and even brief shortfalls would be catastrophic. So any policy has to be prudent and practical in terms of technology, engineering, resourcing and financing.
The Second Great Truth is that everything about the equipment required to generate and distribute electricity takes a long time to build and is quite fantastically expensive. And the cleaner the source of energy, the more fantastically expensive it is.
The Third Great Truth is that this fantastic expense has to be financed by Global Capital Markets and paid for by the consumers and businesses who use the electricity. There is no Third Way in Energy Policy.

[...]

In the UK, we are already close to the rocks, because, over the next 8 years a third of our coal-fired capacity, two-thirds of our oil-fired capacity, and nearly three-quarters of our nuclear capacity will be closed down either through age or the impact of the European Large Combustion Plant Directive. Absent a massive and immediate programme of building new power stations, with concrete being poured in the next two years, we will be in serious danger of the lights going out.

[…]

Is this alarmist? ...... Well let’s look at what the people responsible for building the UK’s power infrastructure are actually doing. In the last 12 months the construction of three major new power stations – Kingsnorth, Baglan Bay and Drakelow have all been put on hold. And of the 7,000 MW of windfarms that have planning consent, less than a third are actually under construction. Why might it be that people who have spent millions of pounds and several years getting consent to build windfarms, are not actually building them? At a time when the UK has the lowest level of gas storage in Europe (16 days, against 90 days in Germany and 122 in France), Centrica have just announced that they are putting on hold the building of the Caythorpe gas storage facility. Two days ago, E.ON, one of the UK’s largest energy suppliers, said that it was going to focus its investments in markets outside Europe, and plans to follow EDF in selling its UK power distribution business.

[...]

No comments:

Post a Comment